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quinta-feira, 22 de junho de 2017

AXIOMA






Um dia comum 
como um dia qualquer. 
O corpo em jejum 
pro que der e vier. 

No banho, a sujeira. 
Na mesa, o café.
E a vida rasteira
 engatando a ré.

Na rua, o tormento.
No corpo, a inércia. 
E a fé um intento
 pra crença dispersa.

O sono nenhum. 
O sonho um malmequer. 
Um dia comum
 como um dia qualquer.

domingo, 18 de outubro de 2015

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Por um fio





Fiz um colar
com as contas
que nós dois
não acertamos.

Perdoei os juros.
                       
p                             s
 e                        o
  n                     n
    d                  a  
   u             d
   r e i o s
        

domingo, 18 de janeiro de 2015

Pândega




Cai a noite 
e toca as calçadas:
sombras de concreto.

Cai a noite 
leva as cinzas:
cigarros-confetes.

Cai a noite
como uma luva:
cobre ou se envolve?

Cai a noite 
e traz consigo
a hora tardia.

Cai a noite
em mim
eclipse ou perfídia?




segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Adeus ano velho, feliz ano novo: a pontualidade do modus operandi

Pergunto-me quem marcou o encontro dos ponteiros do relógio às 24 h do último dia do ano. E se desse encontro surgisse um híbrido enlace entre o ano tido como velho e o ano tido como novo? Oculta metamorfose. Novo e velho se perpassam e se distanciam (assim acreditamos) ao fiarem as teias do tempo. Os ponteiros do relógio, sempre cadenciados, aproximam-se e distanciam-se: tic-tac-tic-tac. Os segundos são mais vívidos, os minutos mais cautelosos, as horas são mais experientes. Todavia, o caminho dos três se encontram no decorrer desses mesmos segundos e também nos minutos, dias, meses, anos e milênios: de fato por todas as vias. Velho e novo cumprimentam-se e talvez façam uma espécie de aceno. Paralelamente, penso se seria pontual o encontro do que fomos e do que projetamos ser. Ao contrário dos ponteiros do relógio (e dos seus encontros, reencontros e desencontros), tendemos a nos distanciar do velho na sagaz busca pelo novo: a meta dos pretensos metamorfos. Adeus ano velho, feliz ano novo, é esse o tic-tac-tic-tac que, anualmente, engendramos. Pergunto-me o que acontece nos intervalos entre as voltas dos ponteiros. Lembro que elas, apesar de padrões diferentes, fazem a mesma rotação. Me lembro que todo ano velho já foi, um dia, ano novo. Ao me deparar com mais um 'fim de ano', não sei se me despeço ou, de bom grado, faço saudações. Não sei se faço saudações ou se me despeço de bom grado. Sinto um estalo que me atravessa, em sentido horário, a mente e o peito: tic-tac-tic-tac.



terça-feira, 21 de outubro de 2014

O suor, as lágrimas e as gotas de chuva



Descem.
Escorrem.

Quem garante que
as águas de chuva
não são lágrimas
 a descer do céu?

E se por um tormento
o suor precisasse
de um rosto para fazer
desse o seu réu?

Descem.
Escorrem.

As gotas de chuva
são um choro suado
da terra.

Hidrantes da matriz
onde, um dia,
todas as águas
se encontrarão.

Sem escoamentos.



sexta-feira, 20 de junho de 2014


"Porque não é pela via da linguagem que eu hei de
transmitir o que em mim existe. O que existe em mim não há palavra que o diga"

Antoine de Saint-Exupéry