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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Três vezes matéria



"Não te desamparem a benignidade e a fidelidade;
ata-as ao teu pescoço;
 escreve-as na tábua do teu coração."
Provérbios 3:3

Estranha. Demasiado estranha. Ex-tranha. Essa foi a tríade que se moldou em forma de pensamentos. Foi também a legenda de um reflexo que se dividiu em três lampejos. Três foram os dias em que ela se isolou do mundo. Tridimensional foi a facada que ela desferiu em seu próprio peito. Bem no coração: o cerne da questão. Três foram os póstumos toques na campainha. Três foram os murros na porta. Três foram os passos que ele deu de distância para conseguir impulso. Três foram as tentativas de arrombamento. Três foram os gritos que ele soltou ao se agarrar ao corpo. Três foram as lágrimas que ele deixou cair em seu rosto.  Três foram os participantes do triângulo amoroso. O terceiro foi o número primo: amante incestuoso. Ela foi a estranha ponta de uma tríade nada equilibrada. Até hoje não se sabe o paradeiro do seu ex-traído-marido. Tricolor e em caixa alta foi a forma como a tragédia estampou os jornais. Três foram os dias em que se falou no assunto. Três foram os minutos gastos por quem leu a notícia. Três foram os segundos entre o embolar do papel e o arremesso ao cesto de lixo.

"Porque não é pela via da linguagem que eu hei de
transmitir o que em mim existe. O que existe em mim não há palavra que o diga"

Antoine de Saint-Exupéry