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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Veredicto


Velhos valores.
Novos vazios.
O vão, o vago.
O que vi, o que vejo.
O velado nivelado.
Vaga vida.

domingo, 17 de junho de 2012

Morfeu, Morfina


Meu coração, acelerado, tentava entoar uma melodia que velasse o teu sono. Meus olhos, paralisados, tentavam penetrar em teus mais secretos sonhos. Meus braços, inquietos, imaginavam-se abraçando e embalando o teu corpo. Meus lábios, sedentos, desejavam revisitar os traços do teu rosto. Eu já não sabia se era noite ou se era dia. Apenas te olhava, enquanto dormias.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Para Joana


E de repente, no fim de um dia cansativo, ainda arrumo fôlego para relembrar a minha infância. Sigo a lógica cronológica e me vejo adolescente (aborrecida e aborrecente), num salto do tempo vejo-me adulta. Vejo-nos. Quando fico triste (mania que não perco) lembro-me de você, e de tudo que compartilhamos. Lembro-me das nossas alegrias, das nossas irreparáveis perdas e dos nossos choros abraçados. Lembro-me também dos nossos corações partidos. Acho melhor esquecer. Não preciso entrar em detalhes; você é íntima da minha fala. Na verdade, na minha voz há a sua voz, as minhas mais profundas lembranças também são as suas. Há quem nos conheça de verdade, há quem não nos conheça nem um pouco, mas, no final das contas, o importante é que nós duas nos conhecemos; reconhecemo-nos. Fazemos do plural um lindo singular. Alguns amigos se vão, outros reencontram o caminho e voltam e alguns simplesmente ficam. Esses últimos, são os que acabam se tornando parte de nós. Saudosismos e filosofias à parte, te amo!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Antes do fim


Eu me esquecerei dos teus olhos.
Exilarei os teus beijos.
Mutilarei teus abraços.
Exorcizarei meus desejos.

Eu matarei o teu gosto.
Apagarei o teu rosto.
Beberei o morto.
Celebrarei o desgosto.

Encontrarei o inverso do sim.
Dentro de mim.
Antes do fim.

Roads

I would like to know what happens before the end.






domingo, 10 de junho de 2012

Lullaby


I dream and forget the pain.
No loss, no gain.
I just close my eyes.
Can I make up the lies?
It’s late, but I wait for you.
Someday, we’ll be true.
There, summer or fall,
for my name you’ll call.

Who'll sing my lullaby?
Who'll sing my lullaby?

Viciados


Eu a conheço há anos.
Hoje, somos dois estranhos.
A nossa sede se esconde.
A alucinação nos corresponde.
A redenção nos faz feliz.
Dividimos a mesma cicatriz.
Ela é a minha abstinência.
O amor; a nossa penitência.
A pureza dela se perdeu.
O pior vício dela sou eu.

sábado, 9 de junho de 2012

Transeunte


O fim.
O recomeço.
Dentro de mim,
o que desconheço.
A permanência
da culpa.
Minha inconsequência.
Minha desculpa.
As vozes do não.
As trapaças do perdão.
A ideologia do belo.
A sensatez do paralelo.
O medo da verdade.
As máscaras da realidade.
Os ecos da fala.
O poder do que me cala.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Suicida



Eu sinto a falta.
Reconheço a culpa.
Convido-me ao exílio.
Faço desse o meu abrigo.
Recorro ao espelho.
Estudo o meu reflexo.
Olho em meus olhos.
Eles choram.
Acaricio os meus pulsos.
Eles me respondem.
Sangram.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Observa(dor)


Eu vislumbro os movimentos dela.
Enquadro-os em minha janela.
Através das lentes em meus olhos
palpitam os meus impulsos.
Embaço-me com lágrimas
quase secas.
Sinto a solidão.
Forjo a minha escuridão.
Confidencio-me com as cortinas.
Anestesio as minhas retinas.
Clamo pelo meu sono.
Deito nele o meu abandono.

sábado, 2 de junho de 2012

(in)posto


Declarei o meu amor na receita federal.
Do meu medo pedi isenção.
Prestei o meu tributo,
Mostrei o meu atributo.
Joguei-me na boca do leão.
Que seja eterno o que é anual.

Conhecida escuridão




Minha sombra, para mim, é bela.

Sozinha, apoio-me nela.
Dividimos os mesmos caminhos.
Bondosa, ela acolhe os meus espinhos.
Minha sombra, minha companheira.
Sempre disposta, sempre inteira.
Ela cuida dos meus reflexos
(às vezes por demais complexos).
Sob o sol ela se mostra rasa.
Mas à noite ela me leva pra casa.

"Porque não é pela via da linguagem que eu hei de
transmitir o que em mim existe. O que existe em mim não há palavra que o diga"

Antoine de Saint-Exupéry