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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Abyssum Abyssus Invocat


Ela se jogou no abismo dos braços dele.
Encontrou-se.
Ele se jogou no abismo dos braços dela.
Perdeu-se.
Os abismos reconheceram-se.
Reencontraram-se.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O seu submundo


Numa destas noites vagueei além do habitual. Procurei pelo seu submundo, pois sei que do seu mundo convencional não faço parte. Nele me encontrei. Descobri que conhecia o roteiro e, infelizmente, me reconheci como uma mera cenografia.
Vieram várias trilhas sonoras em minha mente. Foi como se o seu submundo se embalasse através de músicas que ouço repetidamente. Então de uma simples cenografia me promovi à diretora. Eu quis poder ditar o itinerário dos seus passos. Desejei que eles deixassem de serem óbvios. Empolguei-me e imaginei-me dirigindo a sua vida. Dessa forma, eu poderia tentar enquadrar a sua fisionomia de encontro com a minha. Eu forjaria um lindo jogo de luzes.
Até pensei que todo o meu anseio pudesse ser passado através de um filme de cinema mudo. Só que ao invés da sua expressão, o que aparecia seria o meu reflexo sobre a lente da câmera, sombreando o enquadramento de uma ficção por demais tardia. Ao invés de ser uma pretensiosa diretora, melhor seria que eu fosse uma dublê que evitasse todas as nossas feridas.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Esboço de uma reflexão


Esta semana teimei com uma palavra: incondicional. Tentei desmembrá-la ao pensar na sua formação morfológica (não tive muitas pistas). Depois cismei de associá-la a um sentimento que sempre segue o seu rastro: o amor. Senti-me previsível, até me veio em mente a possibilidade de versar sobre mais do mesmo. Não me contive e continuei a pensar sobre tal palavra. O foda foi que não consegui esquecer da palavra amor. Parecia um sinônimo. Então resolvi não separá-las pois percebi que ambas, de fato, costumam dar-se as mãos. Esqueci-me de dizer que recorri ao dicionário buscando algum sentido figurado (e talvez mais bonito) da palavra “incondicional”, não o encontrei. O que restou foi o óbvio; apenas relembrei-me que o que é incondicional não depende de condições. Encucada, refleti sobre o que seriam as tais “condições” e de novo tropecei na palavra amor. O amor simplesmente acontece, nos atropela, não se restringe e nos faz sentir um misto de alegria e dor, prazer e sofrimento (isso depende do tipo de amor, é claro). Não há condição capaz de proteger nosso peito, de nos fazer recuar perante até mesmo o que não é possível. Quando amamos, às vezes até mesmo a dor se torna flexível. A razão se transporta não sei pra onde. E aquele palpitar forte no peito nos aflige incondicionalmente...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ex-donismo


Poupe-me da sua indecisão.
Distancie de mim a sua mão.
Absolva-me do seu vício.
Favor não deixar nenhum resquício.
Esqueça que um dia fui sua.
Aceite a verdade, nua e crua.
Entorpeça-se com o que puder.
Não estarei mais aqui pro que der e vier.
As cartas já estão distorcidas.
Todas as combinações foram vencidas.


"Porque não é pela via da linguagem que eu hei de
transmitir o que em mim existe. O que existe em mim não há palavra que o diga"

Antoine de Saint-Exupéry