A palavra “dor” é
injusta. O que é injusto dói. O que é, as vezes, não é. Existem
“as vezes” que duram para sempre. E outros que duram para o nunca. “Nunca
te vi, sempre te amei” é o nome de um filme. Eu assisti. Nossa vida cabe num
filme? Há coisas que não cabem numa vida. Há vidas que não tem
cabimento. Há lágrimas que não tem caimento. Desculpe pela rima.
Parece uma sina, mas isto não é um poema. “Por quem os sinos
dobram” é uma passagem de uma meditação de um poeta metafísico. Virou um livro, o prefácio desse livro e duas canções. Também virou outras coisas que desconheço. A dor escrita e musicada se torna universal? Por mais que os
sinos dobrem não saberei se é mesmo por mim. Hora marcada? Fuso-horário? Desperta(dor)? Ainda haverá o reino de Hades? Há de se descobrir. Mas
e o sentido de tudo isso? O sentido é de quem sentiu. Assim a dor se faz sentido. Se faz sentida. A dor não recebe justa causa. Mas se disfarça como veste de uma causa justa.