domingo, 6 de maio de 2012
Fábula
“If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite.” [1]
Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.
Não havia tempo. Não havia dor. Só havia o necessário. Nem mesmo os caminhos cruzavam outros caminhos. As palavras não ecoavam. Não havia culpa. Não havia nem mesmo o verbo haver, com toda a sua impessoalidade. Não havia sorte, não era preciso. A palavra “não” era desconhecida. A palavra “medo” seguia o rastro dessa. Não havia lucidez. Só havia o momento. Não era preciso alegria, não era preciso senti-la. Não existiam mitos. Não existiam crenças. Não havia entrada. Não havia saída. Não existia o ter. Só bastava ser. Então existiria tudo. Existiríamos todos.
[1] William Blake. “The marriage of Heaven and Hell”.
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"Porque não é pela via da linguagem que eu hei de
transmitir o que em mim existe. O que existe em mim não há palavra que o diga"
Antoine de Saint-Exupéry
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